domingo, 15 de dezembro de 2013

Gorjetas de fim de ano fazem a alegria de porteiros em bairros nobres de NY

domingo, 15 de dezembro de 2013
Quando chega a época de Natal em Wall Street, os banqueiros são convocados para os escritórios dos chefes para serem informados sobre o número que os analistas júnior e executivos consideram um reflexo de seu valor: os bônus de fim de ano, ligados ao seu desempenho, salários e talvez ao quanto seus chefes gostam deles. Por volta da mesma época, muitos desses capitães das finanças vão para casa para aplicar sua própria forma de avaliação de desempenho anual: as gorjetas de final de ano dobradas dentro de cartões, colocadas dentro de envelopes e entregues a porteiros de prédios, carregadores e zeladores. Esse tipo de bônus pode ser de centenas de dólares, e não de centenas de milhares. Mas, assim como os banqueiros se irritam e se exaltam comparando suas recompensas anuais com as de seus colegas, os porteiros que chamam táxis e recebem pacotes para eles também tendem a se preocupar com a espessura do envelope dos colegas. De prontidão no saguão de um edifício grande da East End Avenue, Thomas, um porteiro que já trabalhou como técnico de tecnologia da informação para o Deutsche Bank, explicou que alguns olhares de soslaio para os cartões de natal dos outros porteiros são comuns. "Se você parar para pensar, basta observar a psique humana; todos temos inveja uns dos outros", disse ele num tom sóbrio e diplomático condizente com seu uniforme de gravata borboleta. "Nisso não há diferença entre os porteiros e os gerentes de fundos hedge." Mas como vários outros porteiros entrevistados no Upper East Side, a maioria dos quais se recusou a dizer seu nome completo por temer chatear os moradores aos quais servem ou as empresas em que trabalham, Thomas disse que não contou a ninguém o valor de suas gorjetas para evitar tensão no saguão do prédio. Se outro porteiro revela a gorjeta que recebeu de um inquilino, ele simplesmente responde: "Que bom para você", diz ele. Diversos porteiros entrevistados disseram que as comparações furtivas são comuns --embora não nos prédios em que trabalham, apressaram-se em dizer. "Você ouve sobre a competitividade em outros prédios", disse Steve Santos, 46, que trabalha há 20 anos como porteiro. "Mas nós somos uma família. Nós cuidamos uns dos outros." "Às vezes, a melhor coisa é simplesmente não dizer nada", acrescentou Santos, rindo. "Eu só pego o dinheiro e saio correndo." O saguão de seu prédio pode ser uma utopia, mas há alguns funcionários em todo o quarteirão que não conseguem resistir às comparações. Anton, um porteiro de um prédio nas imediações dos lugares mais caros de Park Avenue, queixou-se de um colega que nunca joga conversa fora nem brinca com os filhos dos moradores, mas que reclamou quando seus envelopes chegavam mais finos que os dos outros na época dos bônus. "Sempre tem o cara que vai querer saber da vida dos outros e vai perguntar: 'Quanto você ganhou, quanto você ganhou, quanto você ganhou'", disse Anton enquanto pendurava bolas prateadas na árvore de Natal do saguão. Anton disse que, quando isso acontece, ele fala o que recebeu e depois observa o colega ficar irritado. Os porteiros ainda não levaram sua curiosidade para um aplicativo de iPhone, como funcionários de Wall Street fizeram com o Banker's Bonus 2013, um aplicativo que permite que os banqueiros comparem anonimamente seus bônus com os de outros funcionários financeiros que recebem recompensas extravagantes no mundo inteiro. Mas os porteiros têm as suas próprias formas de saber quem recebeu irrisórios US$ 20 ou US$ 40 de um morador e quem recebeu US$ 400 ou até mais. A maioria dos inquilinos tende a dar valores semelhantes aos membros de uma equipe que estão no mesmo patamar; os porteiros costumam ganhar mais que os carregadores, por exemplo. Mas os inquilinos podem dar US$ 50 ou US$ 100 a mais para recompensar a gentileza ou um esforço extra. Quanto mais antigos os funcionários, mais costumam receber --uma hierarquia que, quando invertida, pode causar intrigas. "Mesmo antes de dar a gorjeta, nós sabemos mais ou menos quanto eles vão dar", disse um porteiro chamado Carlos num prédio próximo a Second Avenue, levantando a sobrancelha numa expressão de sabe-do-que-estou-falando. "Você sabe, de quem eles gostam, de quem eles não gostam." A discrição em tais assuntos, no entanto, é a norma. Carlos e outros porteiros disseram que, como seus chefes, eles tentam não incomodar um ao outro para saber as quantias. Ainda assim, nem todo mundo assina embaixo da filosofia de não perguntar e não responder dos porteiros. "Os carregadores, eles são doidos", disse Carlos, balançando a cabeça.

0 comentários:

Postar um comentário

 
PORTEIROS SENAC 2010 ◄Design by Pocket, BlogBulk Blogger Templates ► Distribuído por Templates